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Jovens criam soluções para prevenção de violências nas periferias de SP

Notícia
29 junho 2022
Jovens criam soluções para prevenção de violências nas periferias de SP

No primeiro semestre de 2022, o UNICEF, em parceria com o CIEDS, selecionou 50 adolescentes e jovens moradores de periferias em São Paulo para o projeto “Chama na Solução”. O objetivo: formar adolescentes jovens de 14 a 24 anos, moradores de favelas e territórios periféricos de São Paulo, nos temas das múltiplas violências – de raça, de etnia, de gênero, de identidade, de sexualidade, psicológica –, bem como temas de educação sexual e empoderamento das juventudes.

Ao final do processo, o desafio de cada um dos adolescentes e jovens era tão grande quanto importante: construir propostas para prevenir e enfrentar as violências cotidianas que afetam sua vida, finalizando o programa com sugestões de ações a ser implementadas em seus territórios.

Entre março e abril, o Chama na Solução ofereceu a capacitação gratuita para os participantes nas áreas de direitos e garantias perante a violência em comunidades. Foram debates e formações sobre múltiplas violências, incluindo um encontro com duas vereadoras da capital paulista: Elaine Mineiro e Paula Nunes – no qual as representantes do legislativo trouxeram a perspectiva da construção de políticas públicas afirmativas à população negra e indígena na Câmara de Vereadores de São Paulo.

Os encontros temáticos, somados às vivências de cada um, serviram de base para a criação de cinco soluções práticas e aplicáveis no cotidiano, que receberam um recurso semente para que pudessem ocorrer. Os projetos “Evasão Escolar de Meninas”, “Juventude Preta”, “Me Sinto Segura”, “O Estigma de Iara” e “Projeto Aliança” nasceram e já ocuparam não só as ruas de São Paulo, mas também o mundo virtual.

Entre panfletos, rodas de conversa, entrevistas concedidas, aulas online e presenciais e muito conteúdo produzido para o Instagram, as iniciativas encabeçadas pelos jovens do Chama na Solução São Paulo já alcançaram 618.817 pessoas.

Conheça as soluções criadas por adolescentes e jovens do Chama na Solução 2022 São Paulo

1. Evasão Escolar de Meninas

Aborda a questão do abandono escolar entre meninas que, segundo um estudo do Fundo Malala, aumentou de forma drástica no Brasil desde o início da pandemia de covid-19. Desde que o projeto nasceu, em maio, os adolescentes e jovens já realizaram aulas na escola de uma das integrantes do grupo e concederam uma entrevista à Rede Globo sobre a temática da gravidez, que será publicada nos próximos dias.

2. Juventude Preta

Criado para prevenir e colocar em pauta a falta de políticas públicas em relação ao suicídio de adolescentes e jovens negros. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano de 2016, o risco de suicídio na faixa etária de 10 a 29 anos foi 45% maior entre adolescentes e jovens que se declaram pretos e pardos do que entre brancos.

Além da produção de conteúdo online e da realização de uma roda de conversa na Livraria Cultura sobre prevenção ao suicídio da juventude negra, o projeto está em processo de entrevista e gravação com 15 adolescentes e jovens da periferia para a construção de um documentário.

3. Me Sinto Segura

Com o objetivo de ajudar na redução dos números de abuso e violência sexual na cidade de São Paulo, o Me Sinto Segura se propõe a criar uma rede de troca contínua e saudável entre a equipe, escolas, tutores e adolescentes e jovens.

“Durante a criação do Me Sinto Segura, fomos ensinadas a estruturar um projeto social do zero, mas para além disso, aprendemos que cada uma de nós é capaz de fazer a diferença, independente da nossa idade e do nosso acesso a alguns tipos de recurso”, conta uma das participantes do projeto.

Nas redes, posts informativos sobre relacionamentos saudáveis e proteção na internet alcançaram 160 mil pessoas em um público majoritariamente feminino.

4. O Estigma de Iara

Abordando a violência de gênero nas redes sociais, o projeto nasceu pela preocupação com a exposição de mulheres quando o assunto, recorrente na mídia, era tratado como meme ou fake news. Nas redes, a iniciativa se propõe a criar conteúdo com fontes confiáveis e linguagem jovem, garantindo informação simples, direta e verdadeira.

Além do movimento virtual, foram mais de 500 adolescentes e jovens atingidos por meio de panfletagem na Avenida Paulista durante uma ação no mês de maio.

5. Projeto Aliança

Trabalha a violência de gênero com foco em mulheres, utilizando-se das vivências das participantes para abrir um espaço de troca sobre o tema na internet.

Além dos conteúdos no Instagram, o projeto já realizou três aulas online: a primeira, “o que é violência de gênero”; a segunda, “quais são os tipos de violência?”; e a terceira, “Lutas das mulheres e feminismo”.

Foto: Pedro Medeiros/Escola de Notícias