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No Dia dos Professores, desejamos garantia de direitos e valorização

Notícia
14 outubro 2022
No Dia dos Professores, desejamos garantia de direitos e valorização

Este será o primeiro Dia  dos Professores dos últimos anos em que não teremos as restrições sociais provocadas pela pandemia e, talvez, seja este mesmo o melhor motivo para comemorar nosso dia. A alegria de poder voltar às escolas e reencontrar estudantes, colegas, famílias, partilhar saberes e experiências... Enfim, vivenciar a educação em seu sentido mais pleno: na troca com o outro.  Certamente, o retorno às escolas e espaços de aprendizagens nos exige também encarar uma realidade bastante desafiadora. 

Os dados nos fazem ver que as perdas na aprendizagem de crianças, adolescentes e jovens é um dos maiores problemas a serem enfrentados pelos gestores e profissionais da Educação nos próximos anos. Os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 mostram que os alunos em fase de alfabetização foram os mais prejudicados, com o aumento de 15% para 34% daqueles que não sabem ler palavras isoladas, em relação ao censo de 2019. Já para o 5º ano do ensino fundamental, a avaliação revelou que 23% do total de alunos não compreende sentidos de palavras e expressões em textos e, na área da matemática, 21% não sabem nomear figuras geométricas básicas, como círculos, triângulos e quadrados. 

A saúde mental de professoras e professores é outra consequência severa da pandemia. O estudo “Desafios e Perspectivas da Educação: uma visão dos professores durante a pandemia”, publicado em outubro de 2021 pelo Instituto Península, revela que 57% dos professores gostariam de receber apoio psicológico e emocional, principalmente para lidar com as questões impostas pela pandemia. 

Como superar os problemas na aprendizagem tendo profissionais com sua saúde comprometida? Precisamos cuidar dos professores. É urgente olhar para essa classe profissional tendo a real dimensão de seu valor – o de formadores de cidadãs e cidadãos brasileiros. 

Valorizar a profissão docente, garantindo as condições necessárias ao exercício do trabalho, como salário digno, acesso à formação contínua, recursos didáticos, tempo para planejamento e pesquisa, planos de carreira atrativos e escolas com infraestrutura adequada, é uma tarefa urgente sobre a qual os próximos dirigentes públicos deverão se debruçar com seriedade e compromisso, sob pena de sofrermos um apagão social de professores na Educação Básica. 

Em setembro deste ano, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) apresentou uma pesquisa indicando que, até 2040, o Brasil poderá sofrer uma carência de 235 mil professores de educação básica. Entre os fatores responsáveis pela potencial falta de profissionais está o crescente desinteresse, principalmente dos jovens, em seguir a carreira docente. Além disso, também é motivo de preocupação o envelhecimento dos profissionais da área, já que a pesquisa evidencia uma queda no percentual de novos alunos em cursos de licenciatura com até 29 anos de idade, de 62,8%, em 2010, para 53%, em 2020.

Muitos são os desafios e o CIEDS compreende que, para superá-los, será necessária uma retomada dos investimentos públicos e privados na área de Educação, tendo como perspectiva a integração de esforços dos diferentes atores sociais, para dar aos professores o presente que merecem e que há tantos anos reivindicam: reconhecimento e valorização, condições dignas de trabalho e políticas públicas coerentes com os reais problemas enfrentados por estes profissionais. 

De nossa parte, seguimos mobilizando parceiros e comunidades para que a educação seja o ponto de partida para a construção de uma sociedade justa e democrática, na qual todas e todos encontrem oportunidades efetivas para desenvolverem seus potenciais e realizarem seus sonhos. Essa sociedade não será possível se não pudermos contar com as professoras e professores deste país. E se no mês dos professores, a população brasileira está vivenciando seu maior evento democrático, as eleições 2022, desejamos aos professores que os novos mandatários cumpram com os deveres constitucionais e se comprometam, efetivamente, com a educação brasileira. 

Professoras e Professores, recebam nosso respeito e admiração.

 

Artigo por Ana Muniz, Gerente Especialista de Educação do CIEDS.