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Autoestima e renda: Tecendo o Amanhã capacita mulheres em costura

Notícia
10 novembro 2022
Autoestima e renda: Tecendo o Amanhã capacita mulheres em costura

Ao som de “Mulheres Não Têm que Chorar”, de Ivete Sangalo e Emicida, o CCMB (Centro Cultural Maloca dos Brilhante), em Pacajus, no Ceará, foi palco da mostra de conclusão de mais uma turma do projeto Tecendo o Amanhã. Em sua segunda edição, a iniciativa garantiu capacitação em costura a 16 mulheres, em sua maioria chefes de família que retiram seu sustento do lixão da região. 

Iniciativa do Grupo Malwee e Instituto Malwee junto com o CIEDS, o projeto Tecendo o Amanhã é uma iniciativa voltada à qualificação profissional e educação empreendedora, moda e sustentabilidade para inclusão social e produtiva para mudança de vida de mulheres. Mais do que isso, é um projeto de empoderamento feminino, de reconhecimento de potenciais do território, de compreensão do compromisso com o futuro sustentável e com equidade social. 

"O Tecendo o Amanhã é um projeto muito potente, que dá resultado efetivo, impactando a vida das mulheres e de suas famílias. Levamos essas mulheres a conhecerem um novo universo e a terem novas perspectivas de vida. Elas, através da costura, passam a trabalhar o aumento da autoestima, a conhecer o mundo do trabalho e uma nova profissão. Possibilitar a execução de mais uma turma desse projeto representa muito para nós do CIEDS, pois possibilitar alternativas de vida – pessoal e profissional – a mulheres é trabalhar por um país mais inclusivo, democrático e, cada vez mais, acreditando e confiando num futuro melhor para todos, todas e todes", avalia Roselene Souza, Diretora de Gente e Cultura do CIEDS. 

As alunas do projeto e seus familiares, além de representantes da iniciativa privada e do grupo Malwee, puderam conferir os produtos criados pelas mulheres e uma exposição fotográfica do percurso formativo do projeto Tecendo o Amanhã, além da apresentação de um desfile com peças que utilizam resíduos têxteis do grupo Malwee. 

As alunas, a partir do processo de formação, montaram uma coleção autoral, que, mais do que um exercício teórico e prático do curso, foi um desafio, necessitou de empenho, dedicação, pesquisa e criação, ancorados em um desejo de novos modos de ser e consumir. A coleção celebrou a pluralidade de ser mulher com uma mistura de cores e texturas, formas e diversidades. O uso de resíduos têxteis reafirma o compromisso sustentável da iniciativa. Para completar, os modelos da coleção foram alunas, alunos, beneficiários e ex-alunos de projetos do centro cultural. 

"Essa iniciativa tem contribuído para o desenvolvimento local de Pacajus, que tem um polo têxtil forte, além de trabalhar o empreendedorismo feminino. Das duas turmas que realizamos, algumas mulheres já foram absorvidas pelo mercado formal de trabalho, incluindo o Grupo Malwee, nosso parceiro nesse projeto; outras prestam serviços como autônomas para confecções locais; outras foram incluídas em outros projetos sociais que atuam no entorno e outras estão aperfeiçoando o que aprenderam e participando de outros cursos profissionalizantes", conta Rose. 

“Que seja só o começo, que possamos entrar no mercado de trabalho e ter uma renda própria e aprender ainda mais”, disse Débora Sales, uma das mulheres formadas.  

Uma inovação do projeto são as convivências socioemocionais, momento em que as alunas tiveram o acompanhamento, com roda de conversas, da psicóloga Rafaele Oliveira. Com isso, fortaleceram suas relações e aumentaram ainda mais a autoestima. 

Em novembro, o Tecendo o Amanhã irá iniciar uma nova fase, com o processo de tutoria que prevê a criação de uma rede que irá apoiar essas mulheres, para a participação de mostras de produtos, mapeamento e articulação de pontos de vendas, além de iniciar a terceira turma, com mais 20 mulheres que atuavam no lixão de Pacajus (CE), que foi recentemente embargado pelo poder público. Ao todo, já foram 33 mulheres formadas nas duas primeiras turmas.  

Como nasce o Tecendo o Amanhã 

No ano de 2020, durante a pandemia, o projeto Atitudes do Bem, do Instituto Malwee com o CIEDS, fez visitas ao Lixão de Pacajus e à comunidade vizinha, onde a maioria dos trabalhadores do lixão vivia, o Alto da Boa Vista, para a entrega de cestas básicas. Com as visitas, foi possível identificar famílias em situação de extrema vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional. A população vive em local insalubre e a realidade foi fortemente agravada pela chegada da Covid-19.  

Neste contexto, foi possível conhecer mais profundamente as necessidades e expectativas dessa população por meio do desenvolvimento do Diagnóstico Mais Perto do Céu. E o que era, no início, uma ação emergencial cresceu e resultou, em 2021, no Tecendo o Amanhã, programa de capacitação para as mulheres trabalhadoras do lixão, a partir da necessidade de geração de renda e empoderamento feminino identificado durante o trabalho. 

"A parceria com o Instituto Malwee tem significado, para nós e para o desenvolvimento de nossas ações em Pacajus, uma parceria para abrir o leque de oportunidades socioculturais e educacionais para população local, sobretudo para as mulheres que viviam no entorno do lixão e no entorno do nosso centro cultural, a Maloca dos Brilhante. Além de elaborar, coletivamente, e executar um projeto social para fortalecimento do empreendedorismo feminino, a parceria nos possibilitou, ainda mais, a construção de um trabalho em rede com outros atores locais, visando discutir e refletir as condições de vida da população local", completa Rose. 

Fotos: Felipe Souza (@seuzedasfotos