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Apoiamos o desenvolvimento de projetos sociais do interior do Ceará

Notícia
14 agosto 2020
Apoiamos o desenvolvimento de projetos sociais do interior do Ceará

O edital Fazedores do Bem ganhou um novo braço em Pacajus, no Ceará, graças a uma parceria do CIEDS, por meio do Centro Cultural Maloca dos Brilhante, do Caju Lab e da Compartir, com o apoio da EY (Ernst & Young). Ao todo, oito iniciativas foram selecionadas e tiveram seus negócios impulsionados com uma doação. Todos já participavam da rede de organizações sociais de base articulada pelo Laboratório de Empreendedorismo e Inovação – Caju Lab, inaugurada em outubro de 2019. O edital, que veio para fortalecer essa rede, aumenta a capacidade de renda dos empreendedores, organizações sociais e coletivos da região, por meio de formações e doação de R$ 2 mil para cada um, além de promover o bem comum e a confiança no futuro., e que o edital veio pra fortalecer essa rede.

“Meu projeto de upcycling estava na minha cabeça há um tempo. O CIEDS veio como uma semente para que eu pudesse começar”, conta Jéssica Emanuelle Duarte, mulher negra, mãe da Dandara e criadora do projeto Ciclo Jeans, um dos contemplados no edital. Em seu trabalho, ela reaproveita resíduos de fábricas têxteis da região de Pacajus (CE) que seriam descartados. Ela utiliza esse material para a construção de bolsas. “Uma calça jeans, para ser feita, gasta quase 5 mil litros de água. Pensei: como posso dar um novo sentido a isso?” 

Além do upcycling, Jéssica quer também trabalhar com produção de conteúdo, para passar seus conhecimentos sobre costura e bordado, com um processo de formação on-line para desenvolver outras mulheres da região. “[A ajuda do CIEDS] foi totalmente fundamental, pois permitiu que eu pudesse comprar maquinário e material tanto para a costura, quanto para filmagem, para que eu possa passar esse conhecimento”, contou a empreendedora.

E completa: “Espero que dê certo e que mais pessoas se interessem em fazer esse reaproveitamento, para que mude um pouco essa perspectiva selvagem do capitalismo. O que é lixo não necessariamente é lixo, pode ter um novo significado”.

Outra iniciativa contemplada, que também lida com uso de resíduos, foi o Maní, composto por estudantes de diversas áreas, com conhecimentos em agrária, marketing, gestão de projetos e finanças. O objetivo do grupo é melhorar as condições de trabalho nas casas de farinha da região, por meio do reaproveitamento da manipueira, líquido tóxico proveniente do prensamento da mandioca. Com o manejo correto, ele pode se transformar em fonte de renda, pois pode originar alguns subprodutos. Um deles é um molho de pimenta, que já começou a ser produzido na comunidade Curimatã, localidade rural de Pacajus.

“Temos três vertentes: sustentabilidade, com o reaproveitamento da manipueira; econômico, para gerar renda para a comunidade com a qual a gente trabalha; e cultural, pois fazemos o resgate da cultura das casas de farinha, que estão ficando esquecidas”, conta Rafaela Pantuzzi, uma das estudantes que faz parte do grupo que criou o Maní.

Ela conta que o recurso do CIEDS vai ajudar o projeto a melhorar o molho de pimenta, subproduto que vem sendo atualmente produzido. “Vai dar um gás nas pessoas, que estão passando por dificuldades nesse momento de pandemia. Nossa intenção é ir aumentando, para se tornar um negócio da comunidade. Queremos melhorar a vida das pessoas promovendo impacto social”. Além do molho de pimenta, ainda é possível criar outros subprodutos, como biofertilizante, vinagre, sabão e até tijolo.

O professor de história da rede pública estadual do Ceará Geimison Falcão é outro que está à frente de um projeto em prol de uma comunidade. Ele inscreveu no edital a iniciativa Artesãs do Quilombo da Base, pois já trabalha há algum tempo no auxílio às comunidades quilombolas de Alta Alegre e Base, em Pacajus e Horizonte, no Ceará. A ação desenvolvida é a prática artesanal de confecção de bonecas negras por mulheres do quilombo.

“São 20 mulheres nesse trabalho, que conta com um instrutor. Elas vendiam muito no centro cultural local, mas o trabalho parou desde março, em função da pandemia, infelizmente”, contou o professor, ao explicar que a verba garantida pelo edital vai poder ajudar o grupo a comprar matéria-prima para continuar as atividades.

A ação contribui para o enfrentamento do racismo estrutural praticado contra os quilombolas da Base, uma vez que valoriza a história e a identidade cultural da comunidade por meio da exaltação do protagonismo estético-expressivo dos sujeitos quilombolas.

“As mulheres fazem o trabalho em busca de renda e empoderamento, mas é também um trabalho terapêutico, de formação de laços, de comunidade. Traz afirmação étnico-racial, pois as bonecas remetem à etnia quilombola a qual elas pertencem, bem como estimula a economia criativa, pois as bonecas são vendidas no mercado local, para garantir fonte de renda extra para a comunidade”, conta Geimison.

Além dos três projetos já citados, o edital Fazedores do Bem Pacajus em Rede contemplou ainda os projetos: Arapua Basquete Feminino, que fortalece meninas e mulheres por meio do basquete; Sabores da Terra, que faz a venda de produtos artesanais; Associação de Moradores do Alto da Boa Vista, que luta por melhores condições de vida para famílias do assentamento sem terra que dependem do trabalho do lixão para sobreviver; Tá de Brincadeira, né?, com produção de entretenimento infantil por meio de jogos educativos e sustentáveis; e Rendeiras da Comunidade, que prevê a criação de um grupo de produtoras de renda da região, para incentivar a qualificação e comercialização de produtos.

 

Novo edital do Fazedores do Bem

O 2º Edital Emergencial Comunidades Ativas contra a Covid-19: Fazedores do Bem + Active Citizens contemplará 30 iniciativas de todo o Estado do Rio de Janeiro com o valor de R$ 2.500,00, além de uma formação on-line para apoiar comunidades e líderes sociais em ações que visam reduzir os impactos da pandemia.

Para mais informações e inscrições, acesse: bit.ly/2comativas20.