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Escuta que faz a diferença em uma Unidade de Reinserção Social

Notícia
27 junho 2019
Escuta que faz a diferença em uma Unidade de Reinserção Social

Carla Cerqueira é psicóloga da Unidade de Reinserção Social (URS) Paulo Freire e tem na escuta a parte favorita em seu trabalho.

“É isso o que me motiva e me faz mais apaixonada por esse trabalho. É poder ter essa possibilidade de escuta, de fazer uma pessoa se ver na outra e entender que as coisas podem ter um significado diferente. Respeitar a história de cada sujeito, de cada ator social que tem na unidade”, ela conta.

E foi a partir da escuta que Carla percebeu que algo havia se modificado dentro da URS, que acolhe meninos de 12 a 16 anos: “Começamos a fazer atividades, sobretudo relacionadas à produção artística e chamávamos os meninos para isso. E então percebemos que eles começaram a ficar mais tranquilos”.

A partir dessa descoberta, Carla, que estava iniciando seu mestrado, resolveu fazer dela o combustível para a sua pesquisa. Começava assim a sua tese “A participação dos adolescentes no processo de desligamento e o direito a convivência familiar e comunitária”.

“Percebemos que a mudança estava ocorrendo devido à forma de acolher os jovens. Mas o que estava sendo diferente nessa forma? Essas questões foram permeando e rondando a minha cabeça e a partir daí eu passei a ter um olhar mais atento para elas”.

A URS sempre foi conhecida por suas atividades ligadas à inovação, agora o desafio de Carla foi sistematizar todas as atividades relacionadas ao incremento do bem-estar dos jovens: “Comecei a pensar em cada oficina, em cada parceiro que participava de atividades na unidade e em como essa contribuição para cada menino começava a construir um sentimento de pertencimento. Eles participavam da vida da instituição e da comunidade, eram chamados a isso. Na verdade, a URS Paulo Freire tem um “chamamento” à participação”.

O sucesso dessas ações ficou evidente inclusive por meio das estatísticas percebidas na unidade. Número muito baixo de evasões, número alto de reinserção de adolescentes em famílias adotivas e número alto de reinserção social dos acolhidos, tanto no contexto familiar quanto no comunitário, foram apenas algumas delas.

“Os educadores participavam mais, as capacitações são sempre frequentes, assim como os estudos de caso. Há o envolvimento de todos, não somente dos educadores, mas também dos demais membros da equipe da unidade”.

A pesquisa e a sistematização de Carla certamente irão contribuir não só para o fazer da Unidade de Reinserção Social Paulo Freire, mas também para o de diversas outras instituições.

“Queremos poder contribuir para a construção de políticas públicas, para que a participação dos jovens seja realmente efetivada como protagonistas. Pensar também na porta de saída para eles. Mas uma porta de saída que tenha a participação deles próprios, para que possam opinar, falar e contribuir para que tenham, nessa saída da unidade, políticas públicas relacionadas à moradia, ao emprego e à saúde”.