
Em 2025, o Grupo Orientador do CIEDS completa 10 anos de existência. Mais do que um espaço de governança, ele se consolidou como um fórum de diálogo estratégico e intersetorial que permite pensar o Brasil a partir de múltiplos olhares.
Ao longo desses 10 anos, o Grupo já teve diferentes composições e hoje se reúne trimestralmente, em encontros virtuais, para debates estratégicos sobre o CIEDS e o setor. Atualmente, conta com 15 integrantes de diversas regiões do Brasil, representando o poder público, a iniciativa privada e organizações sociais. Para marcar a década de existência, realizamos um encontro presencial especial, no qual refletimos sobre temas que atravessam toda a nossa atuação, como o território como locus de mudança e como gerar prosperidade para todas as pessoas, especialmente sob o recorte de raça e gênero.
Para nós, o território é o lugar onde as desigualdades se materializam, mas também onde surgem as potências capazes de transformá-las. É nesse chão que se percebe o impacto real das políticas públicas, ou da ausência delas. É nele que vidas são moldadas por oportunidades, ou pela falta delas.
Mas os territórios não são apenas geográficos. Os territórios digitais também são permeados de complexidades, contradições e desigualdades, e exigem que pensemos novas formas de atuação e fortalecimento comunitário, para que também nesses espaços a justiça social e a equidade sejam possíveis.
Outro aspecto essencial é a clareza das nossas intencionalidades. O Grupo Orientador tem provocado uma reflexão sobre como garantir que elas estejam sempre explícitas e consistentes, inclusive tensionando conceitos estabelecidos. Afinal, se acreditamos que o território é um espaço vivo, precisamos sentir o seu pulso: perceber as dores, mas também reconhecer a vida que pulsa e as possibilidades que emergem dessa vitalidade.
A diminuição da distância entre o sonho e a realidade é o que torna esse território ainda mais potente. Quando compreendemos o território como vivo, com suas relações e territorialidades, as manifestações de mudança ganham outra dimensão. Passamos a enxergar não apenas problemas a resolver, mas caminhos de transformação que já existem, em movimento.
Sabemos que nenhuma instituição sozinha dá conta da complexidade brasileira. Por isso, acreditamos na força da colaboração intersetorial: quando governo, empresas, universidades e organizações da sociedade civil se unem, surgem tecnologias sociais capazes de enfrentar problemas profundos como a desigualdade e a extrema pobreza.
A Rede CIEDS é um exemplo vivo desse movimento. Em 2024, mais de 500 mil pessoas participaram das iniciativas. Mas o impacto vai além dos números: cada pessoa beneficiada se torna um multiplicador, levando o aprendizado para sua família e comunidade. Quando uma pessoa é transformada, o território inteiro se move.
Mas ainda precisamos enfrentar desafios importantes: o financiamento de longo prazo, a valorização das OSCs como parte essencial das políticas públicas e a construção de uma narrativa que reconheça a potência das periferias, favelas e territórios digitais. Mas temos clareza de que o território precisa estar no centro das estratégias de desenvolvimento, como espaço vivo, pulsante e criador de realidades possíveis.
Esse é o convite que fazemos: que mais instituições, governos e empresas se somem a nós na aposta de que escuta, a confiança e as redes de colaboração são catalisadores de uma transformação real e duradoura.
Este artigo foi elaborado a partir das mesas de debate do encontro de 10 anos do Grupo Orientador do CIEDS, com reflexões de Eraldo Noronha (Associação Voar), Geiza Rocha (Rio de Impacto) e Jota (Atitude Inicial), em diálogo com demais participantes, mediadores e convidados.