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Escolas utilizam funk como instrumento pedagógico

Notícia
19 março 2013
Escolas utilizam funk como instrumento pedagógico

Expressividade cultural, disseminação da cultura Funk por meio de ferramentas pedagógicas, mistura de ritmos como samba e frevo e valorização da identidade individual e coletiva são alguns elementos que constituem o “Desafio do passinho”. O ‘Desafio’ é um concurso desenvolvido pelo gestor de projeto Hugo de Oliveira nas escolas localizadas no Complexo do São Carlos (Escola Municipal Catumbi, Estados Unidos e Canadá) que integram o projeto Bairro Educador, no Rio de Janeiro, que utiliza o ritmo do funk como forma de expressão corporal e sociocultural.

As oficinas do “Desafio do passinho” são executadas desde outubro do ano passado, com o apoio dos professores de educação física, que além de trabalhar o movimento corporal do funk, também ensinam a história e origem da dança do passinho, mostrando para os estudantes os principais precursores dessa coreografia, que tem como característica desmitificar a questão da sexualidade e da violência.

Através de uma articulação feita entre o Bairro Educador e a Redemunho - produtora cultural, muitos estudantes das escolas integrantes do BE São Carlos tomaram conhecimento e se interessaram em participar de uma disputa ainda maior, que envolve várias comunidades cariocas: a “Batalha do Passinho”. A “Batalha”, que já está em sua segunda edição, é um concurso de dança que utiliza como coreografia o “passinho do menor da favela”, termo criado e conhecido popularmente por moradores das comunidades cariocas. A “Batalha” tem a mesma expressividade cultural do “Desafio do passinho”.

Patrocinada pela Coca–Cola e apoiada pelo Ministério da Cultura, este ano a “Batalha do passinho” está envolvendo 16 comunidades pacificadas da Zona Norte e Zona Sul do Rio de Janeiro: Batan, Formiga, Cantagalo, Borel, Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Jacarezinho, Macacos, Mangueira, Prazeres, Salgueiro, Providência, São Carlos, Tabajaras, Vila Cruzeiro e Vidigal.

Para Hugo de Oliveira houve mudanças no comportamento de alguns estudantes após participarem das oficinas. Ele ressaltou que a comunidade escolar aceitou a ideia de trabalhar o Funk dentro das salas de aula.

“Eles pesquisam sobre a movimentação corporal de outros meninos vendo vídeos na internet,  e isso é muito bacana. O passinho oportuniza o crescimento intelectual e corporal, rompendo barreiras e faz com que o jovem se aproprie da sua identidade  local  e conheça novas culturas”, ressaltou Hugo.

A assessora de comunicação da Redemunho, Jéssica Oliveira, elogiou a parceria com o Bairro Educador, em levar para as escolas não só o funk, mas outros tipos de culturas predominantes em determinados territórios.

“Este é um modelo que deve ser seguido por todo o país. O Hugo é um educador que teve ao longo de sua trajetória cenas parecidas com a dos alunos atendidos: meninos de favela, que curtem música, se interessam pela dança (no caso do Hugo, o hip-hop) e que acabam encontrando na música possibilidades de dialogar com o centro, mostrando a si e conhecendo ao outro”, afirmou Jéssica.

A disputa final da “Batalha do passinho” será realizado no dia 28 de abril, no Parque de Madureira. A final contará com 16 candidatos selecionados pelo público, em votação aberta na internet, para concorrerem aos prêmios de 10 mil, 8 mil e 5 mil reais para os três primeiros colocados.

As inscrições estão abertas e mais informações estão disponíveis em www.batalhadopassinho.com.br.

Foto: Hugo de Oliveira