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Desigualdade de gênero: um dos maiores desafios do mundo do trabalho

Notícia
8 março 2018
Desigualdade de gênero: um dos maiores desafios do mundo do trabalho

Aldeli, atua no CIEDS desde 2001. Graduada em Serviço Social, pela Universidade Federal Fluminense, é especializada em Serviço Social e Saúde. Tem experiência em gestão de projetos de desenvolvimento local e fortalecimento de comunidades, lideranças comunitárias, mulheres e jovens no Rio de Janeiro.

Em 2017 o relatório Global Gender Gap Report, do Fórum Econômico Mundial, mostrou que a lacuna entre homens e mulheres diminuiu e que foi notado em âmbito global pela primeira vez em dez anos. São quatro fatores que compõem o relatório e o que mais baixou o número final foram “Participação Econômica e Oportunidade” e “Empoderamento Político”.

1.  O que significa ser mulher para você?

É ter afirmação e posicionamento frente a sociedade para não aceitar o que é imposto por uma cultura machista, reunindo competências para romper com estes determinismos. É ser propositiva e apresentar resistências às possibilidades que a colocada em segundo plano ou em lugar menor.

Não é um comportamento único, é ser do jeito que quiser ser!

2.  Quais as maiores dificuldades para as mulheres no mercado de trabalho atualmente?

Em minha opinião, a partir das duas maiores guerras mundiais, foi quando a sociedade começou a aceitar a mulher se inserindo nos espaços públicos, como o mercado de trabalho, universo até então do homem, uma vez que o dela era privado e do cuidado com a família. Essa aceitação, embora seja uma conquista, também se deu, porque faltava mão de obra e dessa forma, as mulheres se tornaram reserva de mão de obra, como as crianças e os idosos.

Embora tenhamos avançado e sermos protagonistas em muitos aspectos das nossas conquistas, questão como a disparidade salarial e ocupação de cargo de alta gestão em grandes corporações, por exemplo, pelo visto, vamos levar muito tempo para essa superação.

A ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres no relatório "Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias para realizar os direitos", divulgado em abril de 2015, mostra que no mundo, em média, os salários das mulheres são 24% inferiores aos dos homens.

A Folha de São Paulo, em reportagem de 26/9/2015, apresenta algumas projeções com base em alguns indicadores e no seu ritmo de progresso anterior deles e destaca elementos tais como: Se houvesse queda na desigualdade entre homens e mulheres, considerando o mesmo ritmo atual em que se opera essa mudança, somente no ano de 2085 nós mulheres ganharíamos o mesmo que os homens e o cargo de alta gestão sendo ocupado por 51% de mulheres somente seria atingido em 2213!

Em 2015, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres jovens foram as que encontraram maior dificuldade para entrarem no mercado de trabalho. Outros grupos igualmente restritos e duplamente prejudicados com a inserção no mercado do trabalho são os de mulheres negras, com deficiência e aquelas com idade acima de 40 anos de idade.

3. O que você acha que é essencial ser desenvolvido para que as futuras gerações de mulheres tenham mais igualdade?

Vou usar uma mensagem que publiquei hoje no Facebook e que espelha bem o que penso e desejo para o futuro:

Queremos respeito!

Mas, precisamos mesmo que o maior número de homens e mulheres tenham cada vez mais ampliada a consciência de que a luta é por todas nós, porque existem muitos sofrimentos, dor e barreiras para as mulheres transpor. É importante que consigam enxergar as consequências das atitudes, posicionamentos e formas de agir frente as desigualdades no campo social, econômico e político que espoliam, tolhem e aniquilam mulheres no mundo inteiro!

A desigualdade de gênero é um dos maiores desafios do mundo do trabalho. A mulher está num caminho sem volta ao passado, felizmente, mas precisamos que outras mulheres também acreditem nisso e apoiem outras mulheres para o rompimento dessas barreiras.