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"Crack: um novo olhar"

Notícia
22 julho 2013
"Crack: um novo olhar"

“É difícil sair das drogas, mas com força de vontade e ajuda da equipe do Lar de Riobaldo consegui me livrar desse vício”, disse Henrique Galdino de 18 anos, ex usuário de cocaína, durante o seminário e lançamento do livro “Crack: um novo olhar”, promovido pelo CIEDS,  na quarta feira, 17, no CCBB (Centro CulturaL Banco do Brasil), no Rio.

O seminário contou com a presença do subsecretário de Projetos Especiais da Secretaria Municipal Desenvolvimento Social – SMDS, Rodrigo Abel, da assistente social do CAPSAD CentraRio, Adriana Damiano, do superintendente de saúde mental da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil – SMSDC, Leonardo Araújo, da supervisora da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SMDS, Shirley Jannuzzi e da coordenadora do projeto pelo CIEDS, Aldeli Carmo. Os especialistas debateram temas como políticas públicas para a prevenção do consumo de crack e outras drogas, saúde mental e reinserção social, além de falarem sobre a experiência do CIEDS, na cogestão dos cinco abrigos da Zona Oeste do Rio que atendem crianças e jovens usuários de drogas, em especial o crack, e é retratada no livro.  

A publicação de distribuição gratuita conta com a autoria da jornalista Nívea Chagas, que reuniu, a partir de entrevistas, os relatos de crianças, jovens e funcionários dos abrigos especializados. Os nomes Lar de Ceci, Peri, Riobaldo, Gabriela e Moacir são uma homenagem feita pelos jovens a grandes personagens da literatura brasileira.

De acordo com Adriana Damiano, o Ministério da Saúde, a partir da 3ª Conferência Nacional da Saúde Mental, realizada em 2001,  passou a reconher e tratar o uso do álcool e outras drogas como um problema de saúde pública. Adriana compartilhou a crença do CIEDS de que é preciso construir redes intersetoriais para garantir o acolhimento das famílias dos usuários e contribuir para o tratamento dessas crianças e jovens.

“É preciso traçar estratégias para a defesa da vida, não só para a abistinência, promovendo a autonomia desses usuários. O tema drogas está nas mãos de toda a sociedade, não só da saúde pública e segurança pública”, concluiu Adriana.

Há cinco anos, o Rio de Janeiro tinha menos de 3% de serviços de cobertura e atenção psicossocial, sendo considerado a pior cidade neste contexto social.  Baseado nesta questão, o Rio se reorganizou, integrou e expandiu sua rede de serviços a saúde pública.

“É preciso fortalecer fóruns de integração na rede territorial, criando também estratégias que facilitem a entrada dos usuários de drogas no mercado de trabalho, visando à reinserção desses indivíduos na sociedade, através da geração de trabalho e renda”, comentou Leonardo Araújo.  

Rodrigo Abel ressaltou a importância da criação de campanhas de prevenção contra o preconceito que parte da população apresenta com os usuários de drogas.  “Quando falamos de cracolândia , falamos sobre a questão da vulnerabilidade social. A dependência química é um desafio do século XXI. Através de campanhas, podemos mobilizar a sociedade de que este é um problema problema que hoje virou uma epidemia.”, disse Rodrigo.

Em 15 anos de trajetória, o CIEDS já desenvolveu ações e projetos em diversas áreas, incluindo prevenção e cuidado com população em situação de rua, prostituição infanto juvenil, e dependência química. “Crack: um novo olhar” registra um pouco da experiência no Rio de Janeiro, considerando que dividir o conhecimento nessa área pode contribuir para o avanço das políticas públicas e das metodologias de intervenção.

Foto: Marina Rotenberg